Lua de Sangue

Fui buscar-te no céu ontem a noite, mas não a encontrei. (Não que o céu tenha ficado mais vasto aos olhos. Nós é que lhes dedicamos menos espaço: repartimo-lo em lotes de concreto) Pus-me então a imaginar-te rubra. Poderias estar ainda mais bela?
Logo cedo já te punhas formosa, quando te paquerei ainda no findar do dia.
E agora esse rubor transitório, que não consigo contemplar, me perturba o sono. Como estarás tu, vestida de vermelho? E por que te fantasias?
Ponho-me então a imaginar os teus reflexos por sobre a terra, por sobre os mares e em mim mesma.
Me assusta e aborrece pensar que prenuncias algum mal.
Por não te ver, te dedico esta ode.
Ouvi dizer que por três vezes mais, nos tempos que se seguem, irá corar em face à sombra da humanidade. Pois que não tarda, eu novamente buscar-te disfarçada sob o vasto manto negro no qual habita.
Enquanto isso, resta-me imaginar-te e seguir te contemplando, bela como sempre, vestida de prata.
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